Musicais dos anos 70
Rock no Cinema

Musicais dos anos 70

História do Rock no Cinema |  Musicais dos anos 70

Texto: Rober Machado
Colaboração: site Omelete

 

O Fantasma do Paraíso

Em 1974, antes de se tornar mundialmente famoso, Brian de Palma escreveu e dirigiu O Fantasma do Paraíso (Phantom of the Paradise), uma mistura de  rock ‘n’ roll de O Fantasma da ÓperaO Corcunda de Notre Dame e Fausto.

O filme conta a história de Winslow, um jovem compositor que tem seu musical chamado Fausto roubado por Swan, o diabo em forma de empresário musical. Winslow é preso, mas consegue fugir e tem seu rosto desfigurado numa tentativa de acabar com uma fábrica de discos do seu adversário.

Swan abre um clube noturno chamado Paradise e quer estrear o épico em grande estilo, mas Winslow continua com sede de vingança, passando a aterrorizar os músicos da peça. Mas como ninguém é de ferro, ele se apaixona por uma das cantoras.

A trilha sonora foi composta por Paul Williams, que interpreta o empresário. O personagem possuía uma gravadora chamada Swan Song, mas o nome teve que ser trocado porque era o mesmo nome da gravadora criada pelo Led Zeppelin naquele ano. Virou, então, Death Records.

O filme foi um fracasso na época, exceto na cidade de Winnipeg, no Canadá, onde ficou em cartaz por vários meses. Hoje é considerado um cult movie, apesar de um certo aspecto trash.

The Rocky Horror Picture Show

Rocky Horror Show é um musical criado para teatro, mas que ganhou uma adaptação cinematográfica em 1975 chamada Rocky Horror Picture Show, que teve direção de Jim Sharman.

O musical conta a história de um casal de namorados cujo carro quebra numa noite chuvosa. Sua única saída é ir até um castelo próximo procurar um telefone. O castelo pertence ao Dr. Frank N. Futher, um cientista e travesti vindo do planeta Transexual, da galáxia Transilvânia.

Assim como o Dr. Frankenstein, ele deseja criar um ser perfeito. No caso, um loiro alto, musculoso e bronzeado. Como se vê, trata-se de uma comédia que brinca com todas as convenções dos musicais e dos filmes B de terror e ficção científica.

Tim Curry criou um personagem memorável, que entrou no imaginário de uma geração, o mais marcante de sua carreira. 

Mick Jagger interessou-se no papel, mas não foi escalado. Na época, o travesti era um símbolo de transgressão e de liberdade sexual, servia de inspiração para muitos músicos, como Lou Reed e David Bowie. O filme é um dos melhores representantes desse período.

Também participam do elenco a jovem Susan Sarandon e o cantor Meat Loaf, que interpreta um motoqueiro influenciado por rockabilly. Meat Loaf também é conhecido por sua participação em Clube da Luta como Robert Paulsen, o homem com peitos.

Quando lançado, não foi sucesso de público, os exibidores nem sabiam como classificar o filme. Então começou a ganhar sessões especiais à meia-noite, quando o público aparecia vestido como os personagens do filme, cantavam junto as canções e respondiam às falas dos personagens. Com isso, também acabou virando um cult.

Existem vários cinemas que o exibem até hoje nessas sessões especiais, e o número de fãs nunca diminui. Num cinema em Winconsin é exibido regularmente desde 1977, o que faz dele o filme que está a mais tempo em cartaz em toda a história do cinema.
Richard O’Brien, que interpreta Riff-Raff, é o autor das canções e do roteiro (junto com Sharman).

Em 1981, repetindo a parceria com Sharman, lançou uma continuação chamada Shock Treatment, na qual retornam alguns personagens e parte do elenco, numa história diferente. Susan Sarandon e Tim Curry ficaram de fora, assim como o Dr. Frank N. Furter, o casal principal é interpretado por outros atores.

O filme foi somente exibido em sessões de meia-noite e não fez sucesso. Talvez seja redescoberto com o lançamento em DVD, pois parte da premissa que parecia absurda na época é muito parecida com a do filme O Show de Truman.

O’Brien também escreveu duas seqüências para o filme original, Rocky Horror Shows His Heels e Revenge of the Old Queen, que nunca foram filmadas.

Frank Zappa

Anárquico, contestador, músico virtuoso, iconoclasta, irreverente. Essas são algumas das características atribuídas a Frank Zappa e que podem ser conferidas em dois filmes que ele dirigiu na década 70.

200 Motels, lançado em 1971, foi definido de diversas formas: comédia bizarra, documentário surrealista, esboço de filme, road movie experimental. Todas tentam entender o que foi essa estranha produção.

A excursão de uma banda de rock, ensaios de uma orquestra, a gravação de um especial de televisão, referências a Kafka e 2001 – Uma Odisséia no Espaço, separados ou todos juntos são os elementos do filme, que ainda conta com a participação de Ringo Starr e Keith Moon interpretando uma freira. Entendeu? Não se preocupe, porque mesmo quem viu ficou sem compreender boa parte do que é aquilo.

Zappa aparece conduzindo a orquestra e tocando guitarra na banda, mas não fala nada e nem canta. Ao contrário de outros musicais, a trilha foi gravada ao vivo durante as filmagens, não era uma trilha pronta sincronizada na edição.

Filmado com baixo orçamento em apenas sete dias e editado em onze dias, teve três diretores, o próprio Zappa, Tony Palmer e Charles Swenson. Segundo o músico, apenas um terço do roteiro que escreveu foi filmado.

A produção enfrentou vários problemas. Um dos diretores e parte do elenco foram embora no meio das filmagens. Numa reunião, Zappa disse que contrataria o primeiro que entrasse na sala para substituir um dos atores. Quem entrou foi o motorista do Ringo Starr, que trazia um maço de cigarros para o patrão. Foi contratado.

Tudo isso reflete o espírito insano do filme, que ainda não foi lançado em DVD.

Este foi um dos primeiros filmes gravado em vídeo e depois transferido para película cinematográfica.

Existe um vídeo lançado em 1989, também dirigido por Zappa, um documentário sobre a produção, The Real Story of 200 Motels.

O outro filme é Body Snakes, que contém filmagens de 1977, do tradicional concerto do Dia das Bruxas que Frank Zappa realizou entre 1976 e 1984. Além do show, traz cenas de bastidores e animações em stop motion realizadas por Bruce Bickford.

Dessa vez o problema foi encontrar um distribuidor para o filme. A United Artists, que distribuiu 200 Motels, não se interessou, nem os outros também não. Distribuidores europeus disseram que teriam interesse se a duração fosse reduzida. Zappa diminuiu de 168 para 90 minutos, mesmo assim ninguém quis, nem depois das seqüências de animação serem premiadas num festival francês.

Somente em 1979, Zappa conseguiu lançar o filme de forma independente num cinema em Nova York, onde ficava sendo exibido durante 24 horas sem parar. Depois, o músico vendeu cópias em VHS pelo correio até a metade dos anos 90. Em 2003, foi lançado em DVD nos EUA, foi a primeira vez que o filme ficou disponível comercialmente.

Grease

Em 1978 foi lançada a versão cinematográfica de Grease, um musical de teatro criado em 1971, que igualmente obteve grande sucesso. O filme, dirigido por Randal Kleiser e estrelado por John Travolta e Olivia Newton-John, conta a história de grupo de adolescentes no verão de 1959 envolvidos com gangues e romances.

Na parte musical, o filme conta com a participação do grupo Sha Na Na, que ficara famoso no Woodstock. O diretor detestou a canção-título, considerou-a muita moderna para a época que o filme retrata.

Uma crítica que a produção sofreu foi por apresentar os “adolescentes mais velhos da América”. Na época das filmagens, Travolta tinha 23 anos, Olivia Newton-John, 29, e Stockard Charming já completara seus 33 anos. Apenas Dinah Manoff e Lorenzo Lamas eram “teens” de verdade, ambos com 19.

Foi lançada uma continuação em 1982, com Michelle Pfeiffer em início de carreira, mas resultou num fracasso de bilheteria, enterrando a ideia de outras continuações e uma possível série de televisão.

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