Grupo Corpo – 21 e Primavera
Espetáculos

Grupo Corpo – 21 e Primavera

Grupo Corpo faz sua tradicional Temporada Popular de fim de ano em Belo Horizonte apresentando Primavera, espetáculo criado durante a pandemia, em programa duplo com 21, criação de 1992 que marcou a revolução da sua linguagem.

Duas coreografias criadas com 29 anos de distância uma da outra – 21 estreou em 1992, Primavera em 2021 – compõem o programa do Grupo Corpo no Cine Theatro Brasil Vallourec.  A dobradinha representa um raro privilégio para o público: é a oportunidade de ter, no palco, dois momentos de força extraordinária na evolução da linguagem artística da companhia.

As apresentações fazem parte da tradicional temporada de fim de ano da companhia, com ingressos a preços populares. O projeto é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e pela Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com patrocínio premium do Instituto Cultural Vale, patrocínio master da ArcelorMittal e patrocínio da Vivo e Itaú.

Marcos na trajetória do Corpo

O programa abre com Primaveracoreografia criada por Rodrigo Pederneiras sobre uma sequência de peças musicais de Paulo Tatit e Sandra Peres – a dupla Palavra Cantada – especialmente selecionadas e adaptadas para a companhia.

Na segunda parte, 21, marco da grande virada do Grupo Corpo na consolidação não apenas de sua gramática coreográfica, mas de seu método de criação: foi a partir daí que as trilhas sonoras passaram a ser encomendadas e a servir de base para a construção dos espetáculos. 

:: PRIMAVERA

(estreia: 2021)

coreografia: Rodrigo Pederneiras

música: Palavra Cantada

cenografia: Paulo Pederneiras

figurino: Freusa Zechmeister

iluminação: Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras

 (duração: 36 minutos)

Criado sobre a ideia do recomeço e do sopro de esperança, Primavera, com coreografia de Rodrigo Pederneiras, se urdiu sobre a música da dupla Palavra Cantada: 14 canções adaptadas para o instrumental, numa gama de estilos musicais às vezes bem contrastantes – de um jazz light à percussão afro. O balé, nascido na pandemia, tem o espírito do divertissement; incorpora – e, de certo modo, abraça – as interdições daquele momento: são solos, duos, trios, quartetos em que os bailarinos não se tocam, com exceção de três pas-de-deux na performance dos casais que são parceiros também na vida. 

Conjurando tempos mais leves e buscando a doçura da estação, os figurinos femininos, monocromáticos – amarelos, verdes, laranjas e vermelhos – têm saias muito leves, que voejam, sobre collants; os dançarinos usam camiseta justa e calça preta clássica. Projeções em tempo real ocupam o fundo do palco, multiplicando e ampliando olhares, gestos e, por que não?, a ideia de novos tempos. 

:: 21

(estreia: 1992)

coreografia: Rodrigo Pederneiras

música: Marco Antônio Guimarães / UAKTI

cenografia: Fernando Velloso

figurino: Freusa Zechmeister

iluminação: Paulo Pederneiras

(duração: 40 minutos)

AS MÚLTIPLAS COMBINAÇÕES DE 21

Criado em 1992, 21é um divisor de águas na história do Grupo Corpo. Depois de atuar por uma década com temas musicais pré-existentes, com este balé a companhia mineira de dança não apenas volta a trabalhar com trilhas especialmente compostas – como acontecera em seus primórdios nos bem-sucedidos Maria, Maria e Último Trem, ambos com música original de Milton Nascimento e Fernando Brant – como passa a adotar como regra este critério. A decisão proporciona a Rodrigo Pederneiras a oportunidade de dar início à construção do extenso vocabulário coreográfico, de inflexões notadamente brasilianas, que se tornaria marca registrada das criações do grupo.

Das inúmeras combinações sugeridas pelo n21, grande o suficiente para conter em si todos os números básicos, e pequeno o suficiente para não se distanciar deles, nasceram a música de Marco Antônio Guimarães e o balé do GRUPO CORPO, numa gestação que durou seis meses entre o processo de criação da música e a fase final dos ensaios. Divididas em três partes, música e coreografia de 21 surpreendem o espectador a todo o momento ao longo dos 40 minutos de duração do espetáculo. 

A força contida na tensão entre as cores vermelha, da luz chapada de fundo, e amarela, das malhas utilizadas pelos bailarinos, dá o tom da primeira parte do balé, onde a repetição de múltiplas combinações rítmicas e timbrísticas em escala decrescente do 21 até o 1 ganha um quê minimalista.

Oito pequenas peças musicais extraídas das combinações entre os números 6, 5, 4, 3, 2, 1 (que, somados, dão 21), e que alternam elementos das músicas erudita, popular, oriental, cigana e jazzística dão vida ao que os criadores de 21 chamam de os hai-kais do miolo do espetáculo – numa alusão aos poemas japoneses estruturados em cima de três versos curtos.  Confinados numa espécie de caixa preta de tule, que reduz o espaço físico do palco, ao mesmo tempo em que lhe cria uma veladura, os hai-kais funcionam quase como um parênteses no espetáculo, marcado por uma linguagem simples e econômica, e uma iluminação artesanal, feita, por vezes, pelos próprios bailarinos.

Uma colcha de retalhos monumental, com estampas de colorido vibrante tipicamente interioranas, cortadas por figuras geométricas que remetem a primitivas pinturas africanas e fazem referência às partituras musicais de Marco Antônio Guimarães, deixa antever a explosão do momento final do balé. Aqui, música e coreografia brincam com citações regionais, provocam lembranças de folguedos populares, e guardam por trás da aparente simplicidade estruturas complexas, como as divisões em 7 da música (que, a cada três repetições, somam, mais uma vez, 21). Tudo desemboca numa percussão quase tribal que permite a Rodrigo Pederneiras desenhar com os corpos de seus bailarinos a melodia oculta no deslumbrante espetáculo rítmico oferecido por este trecho da composição de Marco Antônio Guimarães.

CINE THEATRO BRASIL VALLOUREC

8 a 11 de dezembro [quinta a sábado, 20h • domingo, 18h]

Classificação etária: LIVRE

Ingressos: R$30 (inteira) • R$15 (meia)

Bilheteria: Av. Amazonas, 315 – Centro, Belo Horizonte/MG
Funcionamento: Seg – Sáb: 12:00 – 21:00 e Dom e feriados: 15:00 – 20:00.
Horário especial nos feriados.
Telefone: (31) 3201.5211 ou (31) 3243.1964

You Might Also Like

Leave a Reply