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Rock no Cinema

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História do Rock no Cinema |  Festivais de Rock

Texto: Rober Machado
Colaboração: site Omelete

 

Começo dos eventos

Na década de 50, as bandas de rock excursionavam acompanhadas de outras bandas. Assim, num mesmo dia, apresentavam-se vários grupos, sendo que cada show dificilmente excedia meia hora. Isso aos poucos foi mudando e shows individuais passaram a ser a regra.

Por isso, depois de um tempo, para ver várias bandas de uma vez só, somente em ocasiões especiais: os festivais.

Apesar de já existirem no início da década de 60, muitas vezes com uma escalação bem eclética, envolvendo outros gêneros, foi a partir da segunda metade dos anos 60 que os festivais de rock firmaram-se como grandes eventos.

Monterey Pop

Primeiro grande festival, o Monterey Pop, ocorreu de 16 a 18 de junho de 1967, na Califórnia, em pleno “Verão do Amor”. Foi um festival de “estreias”. É geralmente lembrado por ser a primeira grande apresentação de Jimi Hendrix para o público americano.

E vale dizer que ele só entrou para o festival por insistência de Paul McCartney. O guitarrista foi a grande sensação, e no dia seguinte os jornais diziam: “Nasce o Elvis negro”.

Também foi o primeiro grande show do The Who em território americano, tornando-os reconhecidos. Foi tentando superar a explosiva apresentação do The Who que Hendrix incendiou sua guitarra, tornando-se uma das suas imagens mais famosas.

Outra estreia para uma grande plateia foi Janis Joplin, que causou grande surpresa. O lendário cantor de soul Otis Redding fez ali seu primeiro show para uma grande plateia branca e também virou um ídolo. Seu estrelato, porém, durou pouco. Ele morreu num acidente de avião no final daquele ano.

Outro importante representante da soul music presente no festival foi a banda Booker T and The MGs. Entre as diversas bandas que se apresentaram, estavam ainda Simon and GarfunkelCanned HeatMamas and PapasJefferson AirplaneBuffalo Springfield e Grateful Dead.

No ano seguinte foi lançado o documentário Monterey Pop, dirigido por D. A. Pennebaker. Nem todas as bandas que tocaram aparecem no filme. Na versão em DVD lançada nos EUA existem várias cenas adicionais, incluindo as bandas que não estavam presentes no filme original.

Monterey Pop foi um festival que marcou época, com shows memoráveis (várias bandas lançaram discos com as suas apresentações) e serviu de modelo para todos os outros que vieram depois.

Woodstock

Entre 15 e 17 de agosto de 1969 aconteceu o mais famoso festival da história do rock, o Woodstock. Planejado para ser um grande festival com as principais bandas da época, tornou-se muito maior que seus organizadores sonhavam.

Era esperado um público de 50 mil pessoas e apareceram mais de 500 mil. Com tanta gente a mais, não houve como controlar a entrada, e muitos entraram de graça.

Houve um verdadeiro caos na cidade de Bethel, local do festival, com rodovias congestionadas, falta de água e comida para alimentar o público, e quantidade de banheiros insuficiente. A região foi considerada “área de calamidade pública”.

Woodstock foi o auge da era hippie e um marco para a contracultura. O lema do evento era “Três dias de paz e música”, algo que foi seguido, apesar dos problemas. No primeiro dia do festival, a seleção se concentrava nos artistas folk, como Joan Baez, Arlo Guthrie, Richie Havens, John Sebastian e outros.

No segundo dia, a escalação incluía Santana, Canned Heat, Janis Joplin, Sly & The Family Stone, Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival, The Who e Jefferson Airplane.

No último dia estavam presentes Joe Cocker, Ten Years After, The Band, Johnny Winter, Crosby, Stills, Nash & Young, Sha-Na-Na e Jimi Hendrix.

Último a se apresentar, Hendrix, deveria começar à meia-noite, mas devido a vários atrasos nos shows ao longo do domingo, só começou às 9h da manhã de segunda-feira, quando muita gente já tinha ido embora. Encerrou com “Hey Joe”, considerada uma das suas melhores performances dessa música.

Para nossa sorte havia uma equipe de filmagem documentando todo o evento. Não só filmaram as apresentações como também, espertamente, apontaram suas câmeras para o público.

O resultado foi um ótimo retrato sobre a juventude da época – o que pensavam e como se comportavam -, além de mostrar grandes apresentações dos principais nomes do rock daquele tempo.

O filme, dirigido por Michael Wadleigh (também fazia parte da equipe o jovem Martin Scorsese), foi lançado no ano seguinte, mas não trazia músicas de todos os presentes no festival. Algumas das ausências mais sentidas: Janis, Creedence e Johnny Winter. Mesmo assim, o filme tornou-se um marco por tudo que apresentava.

Uma versão do diretor foi lançada em 1994, acrescentando algumas músicas que não constavam no original, inclusive trechos da apresentação de Janis Joplin. Também foi lançado em 1994 um especial de televisão chamado Díário de Woodstock, em 3 partes, com pelo menos uma música da maioria dos artistas e bandas que se apresentaram no festival. No Brasil, foi lançado em 3 DVDs separados, vendidos em banca.

Outros festivais

No verão de 1970, um grupo de músicos embarcou num trem fretado para cruzar o Canadá numa série de shows. Janis Joplin, Grateful Dead, The Band, Buddy Guy e Sha-Na-Na conviveram durante cinco dias no trem, numa verdadeira festa sem fim.

Essa história era praticamente desconhecida do público até 2003, quando foi lançado o documentário Festival Express, dirigido por Bob Smeaton (responsável pela série televisiva The Beatles Anthology).

O filme apresenta depoimentos atuais, com cenas dos shows e, principalmente, cenas gravadas dentro do trem. O longa foi exibido na Mostra de SP.

A Inglaterra também promoveu grandes festivais de rock na ilha de Wight entre 1968 e 1970. A edição de 1970, ocorrida de 26 a 30 de agosto, é a mais conhecida por ser uma das últimas apresentações de Jimi Hendrix. Seu show foi no dia 30 de agosto e o falecimento aconteceu no dia 18 de setembro.

Vários nomes foram escalados para o festival, como The Doors, The Who, Free, Jethro Tull, Ten Years After, Moody Blues, Leonard Cohen, Joni Mitchell, Joan Baez e a banda estreante Emerson, Lake & Palmer.

Tudo foi filmado, mas os organizadores decretaram falência e não tiveram dinheiro para editar o filme. O produto final só ficou pronto em 1997 e lançado com o título Message to Love: The Isle of Wight Festival.

Várias bandas não aparecem no filme, como Supertramp, Chicago, Sly and the Family Stone, Procol Harum e o brasileiro Gilberto Gil.

Mesmo assim, é um projeto que merece ser visto pelo registro histórico do maior festival ocorrido na Inglaterra daquela época. Também podem ser encontrados em álbuns e vídeo registros dos shows de Hendrix, The Who e Jethro Tull. Como curiosidade, vale notar que o festival voltou a acontecer anualmente na ilha de Wight em 2002.

Scuse me while I kiss the sky

Jimi Hendrix era figura fácil nesses festivais. Suas performances foram registradas e lançadas separadamente, como comentado acima. Também existem vídeos de vários shows, todos lançados postumamente.

Três meses antes de sua morte, Hendrix participou de um filme chamado Rainbow Bridge. Nele, o guitarrista aparece falando em poucas cenas sobre a sua vida e até profeticamente sobre sua morte, mas o principal está nos vinte minutos finais do filme, com um show no Havaí, no topo de um vulcão extinto.

O que vem antes disso é de uma chatice tremenda. As câmeras focalizam hippies que viajam (em todos os sentidos) para ver o show de Hendrix, e conversam interminavelmente sobre assuntos em voga na época. Ou seja, uma obra datada.

Em 1973 foi lançado o mais importante documentário sobre o guitarrista, chamado simplesmente Jimi Hendrix. O filme mostra trechos dos principais shows de sua carreira e traz depoimentos de vários músicos, além de muitos outros famosos. Estão por lá Eric Clapton, Pete Townshend, Lou Reed e Mick Jagger.

Além disso, as músicas de Hendrix podem ser ouvidas em quase uma centena de filmes, número que vai aumentando ao longo dos anos. Se alguém ainda tem dúvida de quanto Jimi era bom guitarrista, é só ver qualquer um desses filmes com shows para comprovar o seu virtuosismo. Existem filmes de televisão sobre sua vida e filmes obscuros que trazem Hendrix como personagem, mas ainda falta uma boa cinebiografia.

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