Crônica Dick Dale
Crônicas Musicais

Crônica Dick Dale

DICK DALE E A SURF MUSIC – Surf music? Que papo é esse?

Crônica da Era do Rock, por Rodrigo Leste

O bem viver norte-americano se consolidou no pós guerra. Depois de jogar bombas atômicas num Japão que já tinha ido a nocaute e participar ativamente da guerra entre as Coreias (do Sul x do Norte), os EUA viveram tempos de abundância e levaram a Guerra Fria contra a União Soviética em banho-maria. O sonho americano navegava a todo vapor e a Califórnia, com o sol abundante e suas belas praias, era cultuada por todos. Enquanto os beatniks, com uma postura mais introspectiva e meio deprê, davam as caras na costa leste, a costa oeste produzia seus ícones, enaltecendo a vida ao ar livre, a alegria, a celebração da vida. A trilha sonora desses tempos era um estilo musical que ficou conhecido como Surf Music, sendo The Beach Boys sua banda mais conhecida.

A surf music dialogava com o rock e o rockabilly (Bill Haley, Jerry Lee Lewis), era muitas vezes instrumental e servia para embalar as turmas de surfistas e suas garotas nas praias, antes e depois de suas jornadas no mar. As letras tratavam do glamour da Califórnia, faziam apologia da cultura do surf, das benesses da juventude bem vivida nos embalos das ondas gigantes. Os descolados de então confrontavam o padrão careta do jovem americano comum, quadrado e bem comportado.

Nesse cenário The Beach Boys fez fama, com hits como Surfin’ USA, Good Vibrations, Don’t Worry Baby. Reza a lenda que o baterista do Beach Boys, Dennis Wilson, era um surfista de primeira. Destacavam-se: The Chantays (autores da clássica Pipeline), The Ventures, The Shadows, entre outros. Mas quem era tido como criador do estilo e seu grande astro era Dick Dale, conhecido como “The King of the surf guitar” (o rei da guitarra surf).

Tive o prazer de assistir a um show de Dick Dale em BH. Não me lembro exatamente qual foi o local, sei que era um espaço alternativo (quem lembrar, informe). O palco era improvisado, não havia um grande público, mas foi sensacional! Na ocasião, DD já estava meio velho, mantinha um cabelão branco amarrado por uma fita. O guitarrista não se metia nos vocais, quem cantava era o baixista, que segurava bem a onda. Foi demais ver ali de pertinho a banda interpretar grandes hits como Mr. Pepermint Man, Let’s Go Trippin’, Nitrus e o sensacional remake instrumental do clássico hebraico Hava Nagila: “Hava nagila/ hava nagila/ hava nagila/ venismecha” (início da letra: “Alegremo-nos, alegremo-nos, alegremo-nos e sejamos felizes.”)

Depois de alguns anos de ostracismo, a velha guitarra reverberada voltaria à cena com grande força em 1993, em função do lançamento do filme Pulp Fiction, de Quentin Tarantino. A película foi sucesso internacional em todo o planeta, provocando uma nova onda de surf music no mundo todo. A música em questão foi Misirlou, de ninguém menos que o Rei da Surf Guitar, Mr. Dick Dale.

Dale morreu em Loma Linda, Califórnia, em 2019, aos 81 anos de idade. Deixou seu legado e continuará encantando os amantes da boa música para sempre.

Revisão: Hilário Rodrigues

Colaboração midiática: @rodrigo_chaves_de_freitas

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