Crônica Carlos Santana
Crônicas Musicais

Crônica Carlos Santana

CARLOS SANTANA – Zarabatana Asteca

Crônica da Era do Rock, por Rodrigo Leste

Tem gente que acha brega mas eu me deleito com o swing pop latino do velho e bom Carlos Santana. Quando curtia dançar numa gafieira ou num forró, encarava com alegria e disposição ótimos ritmos. Samba, mambo, salsa, xaxado, baião e um bolero pra dançar abraçadinho iam muito bem. Mas em casa, ou nas festas em que tinha a liberdade de dar uma de DJ, não dava outra:

— Carlos Santana na caixa! E a pista de dança ficava cheia e animada.

Oye Como Va, Black Magic Woman, Evil Ways e Soul Sacrifice são músicas que trouxeram destaque internacional ao guitarrista magrinho, com seu indefectível bigode, que veio de terras mexicanas conquistar espaço na Califórnia. Com competência e originalidade criou a marca registrada de sua guitarra insinuante que pontua os espaços musicais como se fosse um jogador de futebol de dribles desconcertantes e imprevisíveis. Na maravilhosa canção instrumental intitulada Europa, Santana revela todo o seu talento fazendo com que as notas da guitarra tragam aos ouvintes as feridas e cicatrizes do velho continente. Suas aparições, junto com sua excelente banda em Woodstock (1969) e no Festival de Montreux (1988), com o saxofonista Wayne Shorter, carimbaram o passaporte do guitarrista para todos os lugares do mundo.

Antes do advento do Rock in Rio, Santana deu as caras no Brasil. Em 1971 apresentou-se no Teatro Municipal no Rio (imagine: ver Santana de perto num teatro, é tudo que eu queria!). Nesse mesmo ano tocou também no Maracanãzinho. Em 1973 fez uma turnê tocando no Rio e em mais três cidades. Na ocasião surpreendeu o público apresentando uma inusitada versão de Aquarela do Brasil.

Nessa época Santana havia mergulhado numa viagem mística guiada por seu mentor espiritual Sri Chinmoy que, além de ser filósofo humanista, era também músico e compositor. Rebatizado “Devadip” começou a atuar com esse nome, agregado ao Santana. Fez shows e gravou discos em parceria com outros “iniciados” como John MacLaughlin (Carlos Santana & John McLaughlin – Love Devotion Surrender) e Alice Coltrane, mulher do grande John Coltrane, com quem gravou o álbum Illuminations.

Depois o músico enveredou por vários caminhos. Andou por baixo por um longo tempo e foi “redescoberto” quando gravou o álbum Supernatural (27 milhões de cópias vendidas), onde inaugura uma linha de trabalho que consiste em montar o disco tendo em cada faixa a parceria com intérpretes convidados. “Smooth”, com o cantor Rob Thomas, tornou-se o grande hit do CD. Não conheço pessoalmente Samuel Rosa, cantor e guitarrista ex-Skank e de BH, mas fiquei superfeliz quando o vi ao lado de Carlos Santana num clip apresentando um de seus hits: “Saideira”. Fiquei orgulhoso de ver um conterrâneo lado a lado com esse meu grande ídolo: Carlos Santana!

Em tempo: li em algum lugar que Santana falou que o seu grande barato é ouvir os mestres: Miles Davis, John Coltrane e Sun Ra.

Revisão e pitacos: Hilário Rodrigues

Colaboração midiática: @rodrigo_chaves_de_freitas

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Para ler mais crônicas, acesse: https://www.caleidoscopio.art.br/category/cultural/cultural-musica/cronicas-musicais/

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