Rock’n’Roll | Rock Roll anos 50
Texto: Leo Falabella
lfalabella@gmail.com
Rythm and Blues, fusão de gêneros
Em 1945, a partir das alterações que a Segunda Guerra trouxe à cultura norte-americana, surgiram as primeiras casas e estações de rádio especializadas na divulgação da música negra.
Os gêneros blues e country, originários de regiões pobres e caracterizados por letras faladas e ritmos espontâneos, o jazz tocado nas grandes cidades, baseado na improvisação e marcado por bandas maiores e arranjos mais elaborados, com percussão e instrumentos de sopro, e o gospel, desenvolvido nas igrejas evangélicas que, embora obedecendo as escalas do blues, caracterizava-se por ter um ritmo frenético e por vezes sensual.
Da fusão da música negra (blues e gospel) com os ritmos mais dançantes dos brancos (country e jazz) surgiu o rythm and blues, que fez com que a cultura negra ficasse conhecida pela população branca e consumista.
Essa foi a época do surgimento e apogeu de nomes como B.B. King, Muddy Waters, Fats Domino e o grupo vocal The Platers, entre outros tantos.
A partir de então, passou a ser fundamental a prática cover, ou seja, a adaptação elaborada por cantores brancos de músicas negras, com alterações nas letras, para que pudessem ser aceitas pelo grande público jovem e branco.
A vendagem de discos de 45 rpm cresceu assustadoramente (já que a juventude teve ampliado seu poder aquisitivo no pós-guerra) e o espaço na radiodifusão foi definitivamente conquistado.
Nasce o termo Rock Roll
A mistura explosiva da empolgante música negra com o consumismo branco adolescente havia sido feita… a explosão era questão de tempo….
Mas quem poderia ser considerado o “Rei do Rock”? É claro que um estilo musical tão complexo e avassalador não poderia ter sua invenção atribuída a apenas uma pessoa ou uma banda.
Há quem diga que o “inventor” do rock roll foi o compositor, cantor e pianista Little Richard, que, em 1955, incendiou o mundo musical com seu famoso hit “Tutti Frutti”. Outros atribuem o surgimento do rock’n’roll ao guitarrista branco Bill Haley, que atingiu o 1º lugar da parada americana, no verão de 1954, com a música “Rock Around the Clock”. Ao guitarrista Chuck Berry é também creditada a “invenção” pois foi ele quem personificou a essência do estilo através dos riffs, solos e a inconfundível batida rítmica transformada em sua marca registrada.
Mas foi um disc-jóquei e radialista de Cleveland, Ohio, Allan Freed, quem usou o termo “rock and roll”, algo como “deitar e rolar” (uma gíria usada pelos negros americanos quando se referiam ao ato sexual) para denominar o novo estilo musical que surgia criando o programa “Moon Dog Rock and Roll Party” ao mesmo tempo em que promovia festas de dança com o mesmo nome e movidas pelo ritmo que ele havia ajudado a definir e divulgar.
Assim, o termo e o estilo de música “Rock and Roll” se popularizou, e virou uma febre mundial.
E, a partir de então, o universo da música nunca mais seria o mesmo!
Bill Haley
Musicalmente falando, quem primeiro definiu o estilo rock and roll foi Bill Haley, que baseado principalmente no country, criou uma batida diferente acentuada no segundo e no quarto tempos de uma marcação 4×4.
A data mais comumente aceita como a da criação do rock and roll é a do lançamento da música (We’re Gonna) “Rock Around The Clock” de Bill Haley and His Comets, em 12 de Abril de 1954.
Embora dezenas de gravações anteriores já apresentassem um ou outro fator do que viria a se cristalizar como rock and roll, o próprio Bill Haley havia gravado no mesmo ano, um pouco antes, a música “Shake Rattle and Roll”.
E de certa forma, foi mesmo. Com seu “pega-rapaz” gomalinado e uma ingênua mistura do hillbilly caipira com o rythm’n’blues negro, o gorduchinho Bill Halley (já falecido) tem méritos suficientes para figurar nesta galeria de pioneiros.
Chuck Berry
Charles Edward Berry nasceu em St. Louis, Missouri, a 18 de outubro de 1931 – ou então em San José, Califórnia, a 15 de janeiro de 1926.
Jornalistas que tentaram determinar qual é o local e a data correta receberam a seguinte resposta: “Isso é pessoal e não é da conta de ninguém”.
Berry é uma pessoa espirituosa, sagaz e desconfiada, que faz questão de evitar entrevistas. Parece abominar a imprensa e adorar suas plateias.
Sem dúvida, seus diversos entreveros com a lei – começando por dois anos de reformatório durante a adolescência, por assalto – têm muito a ver com essa atitude.
Chuck Berry é o mais importante dentre os primeiros guitarristas do rock. Seus riffs, solos e batida rítmica são instantaneamente reconhecíveis. Além disso, complementam perfeitamente suas letras satíricas, retratando a vida adolescente dos EUA durante os anos 50 e 60.
Foi descoberto por Muddy Waters, em 1954, porém o sucesso só veio no ano seguinte com “Maybellene”. Berry deu seqüência a seu sucesso passando a escrever, tocar e gravar uma série de canções que, juntas, formam a maior contribuição que um indivíduo isolado fez ao rock’n’roll.
A lista de preciosidades inclui “Roll Over Beethoven”, “Johnny B. Goode”, “Sweet Little Sixteen” e “Brown Eyed Handsome Man”, músicas que já foram gravadas por várias bandas de rock, inclusive os eternos Beatles e os Rolling Stones.
Little Richard
Nascido em Macon, na Georgia, o adventista Richard Penniman se autodenominava “O Rei do Rock”. E, para muitos, ele pode até ter razão.
Uma das pedras fundamentais do rock’n’roll foi o grito tribal da famosa canção “Tutti Frutti”, “a wop bop a loo bop a lop bam boom”.
Compositor, cantor e pianista, Richard iniciou a carreira em 1951, mas o sucesso só aconteceu em meados de 1955, com “Tutti Frutti”.
Quando o cantor (branco e comportadíssimo) Pat Boone começou a fazer covers do tipo família para suas canções vigorosas, Little Richard passou a suar ainda mais sobre o piano.
Infelizmente, nunca liderou parada alguma até 1958, quando decidiu se tornar pastor. Pregou até 1964, quando voltou e excursionou com os Beatles. Depois disso, passou a alternar o rock demoníaco com pregações religiosas.