CRÔNICAS DA ERA DO ROCK – Rodrigo Leste – quarto episódio
Mandem seus comentários.
JERRY GARCIA – O MORTO AGRADECIDO
Jerry foi um dos primeiros a encarar câmeras
com um charo aceso entre os lábios.
A cena aconteceu em Woodstock, 1968.
O Captain Trip, como o guitarrista do Grateful Dead,
Jerry Garcia,
era conhecido entre os deadheads,
é filmado soltando baforadas
e mandando boas vibrações pra todos
os malucos que chegavam na mágica fazenda
onde aconteceu o Festival de Woodstock.
Com Jefferson Airplane, Hendrix,
Cream e Big Brother and the Holding Company,
incluindo Janis Joplin, é claro,
formou o suprassumo do rock.
Detalhe importante: Garcia, ainda garoto,
perdeu o dedo médio da mão direita quando, por acidente,
uma serra elétrica o decepou.
Apesar do defeito,
tornou-se um craque da guitarra,
meio como as pernas tortas do Garrincha
que ajudaram Mané a driblar Deus e o mundo.
Mas a rotina do Grateful Dead não era moleza:
uma batelada de shows por anos a fio,
foi sugando a energia de Jerry.
E olha que os concertos chegavam a durar 5 horas!
Pauleira braba.
E tome anfetamina, barbitúrico, opiáceos diversos,
cocaine e coisa e tal;
sem falar nos beises, peyote, ácido e mescalina.
Mas isso ainda não era tudo:
sorvete, doces, donuts, pizza, refri e álcool,
uma dieta suicida.
E aí vem a diabetes e seus diabretes
pra acabar de consumir a força vital
do bonachão Garcia.
(Uma cirrose hepática havia levado, anos antes,
Pigpen, o cantor do Grateful Dead)
Jerry foi fulminado por
um ataque cardíaco
que aconteceu, exata e ironicamente,
numa clínica onde tentava a recuperação de seus vícios modestos.
Tchau, Jerry Garcia,
The Grateful Dead,
o morto agradecido.
— Run for the roses!
Agradeço Hilário Rodrigues pelas sugestões e pela revisão e Marcos Kacowicz pela dica do “acidente”.
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