Rock’n’Roll | Invasão Britânica Rolling Stones
Texto: Leo Falabella
lfalabella@gmail.com
Primeira da primeira apresentação
Não foram só os Beatles os grandes causadores da explosão do rock’n’roll na Inglaterra.
Enquanto os quatro rapazes de Liverpool alcançavam sucesso mundialmente, em Londres, outros cinco jovens ingleses “faziam a cabeça” da rapaziada com um som, a princípio calcado no blues norte-americano, e posteriormente agressivo e crítico.
Mick Jagger e Keith Richard nasceram em 1943 e chegaram a estudar juntos no mesmo colégio, mas o início de tudo deu-se na primavera de 1960 graças a um simples encontro casual num trem para Sidcup, quando Mick Jagger avistou Keith Richard que estava com alguns discos, e entre eles, “Back in the USA” de Chuck Berry.
Isso fez com que descobrissem o interesse mútuo pela música negra norte-americana. A partir daí a amizade entre os dois começou a crescer.
Mick, Keith juntamente com um amigo de nome Dick Taylor começaram a tocar juntos, chamando a si mesmos de Boy Blue and the Blues Boys.
Eles conheceram o guitarrista Brian Jones ao visitarem o Ealing Club, onde Brian tocava canções de Elmore James e Muddy Waters com o grupo Blues Incorporated.
Foi nesse dia que aconteceu a primeira apresentação pública de Mick Jagger, com ele e Keith tocando alguns números de Chuck Berry, apoiados por Charlie Watts (baterista do Blues Incorporated) e Cyril Davies (co-fundador do conjunto com Alexis Korner). Logo Mick seria um dos cantores da banda.
Mick, Keith e Brian passaram então a morar juntos num cortiço no bairro londrino de Fulham onde, apesar da pobreza, começaram a desenvolver a sua música.
Logo depois, junto com o pianista Ian Stewart (considerado pela crítica e estudiosos do assunto como o “6º Stone”) montaram a primeira formação da banda, batizando-a de “Rolling Stones Blue”.
Graças à excelente repercussão das apresentações apareceu a primeira oportunidade de contrato com a Decca Records.
Despontamento
Em 1964, lançaram o primeiro álbum: “England’s Newest Makers”. Os Rolling Stones foram bem aceitos pelo público rebelde que não aceitavam os “comportados” Beatles.
Com o álbum “Out of Our Heads”, de 1965, os Stones começaram a despontar para o sucesso, executando o hino mais famoso do rock: ‘(I Can’t Get No) Satisfaction’. A partir daí, a banda começou uma fase com arranjos mais elaborados.
No ano de 1968 lançaram “Their Satanic Majesties Request”, numa incursão ao rock progressivo. Já em “Beggars Banquet”, voltaram ao estilo primário.
Dessa época vem dois grandes sucessos da banda: ‘Jumpin Jack Flash’ e ‘Sympathy for the Devil’.
Em 1969, Mick Taylor substituiu Brian Jones, que meses depois de sua saída foi encontrado morto, afogado na piscina de sua casa.
No mesmo ano, os Stones lançaram “Let it Bleed”, uma antítese da canção “Let it Be”, dos Beatles.
Em 1974, gravaram num estúdio pertencente ao guitarrista Ronnie Wood, o álbum “It´s Only Rock´n´Roll” e, com a saída de Mick Taylor, insatisfeito e afirmando ser autor de algumas composições do álbum, onde todas as letras foram assinadas por Jagger & Richard, sem contar que não suportou o estilo de vida regado a sexo, drogas e muita badalação que envolvia o universo stoniano, o grupo ficou temporariamente sem a segunda guitarra.
Então, pouco tempo depois numa festa, entre um bate papo e outro surge Ronnie Wood, e ao cumprimentar Mick Jagger, é convidado a assumir a guitarra da banda.
Imediatamente Wood se desligou de sua banda “The Faces” (que tinha como vocalista Rod Stewart) e realizou o antigo sonho de tocar na “maior banda de rock do mundo”, e assumiu a segunda guitarra da banda.
O final da década de 70 foi difícil para as grandes bandas, pois surgia o revolucionário movimento Punk, que era contra todo o tipo de fama e glamour que existia no cenário musical da época.
Mesmo com o mundo do rock voltando suas atenções para este movimento, os Rolling Stones mantiveram sua postura e qualidade musical e lançaram álbuns como “Black and Blue” e “Some Girls”, este com boas canções como, a bela balada “Beast of Burden”, “Some Girls” e a dançante “Miss You”.
Tempos de turbulências
Dando um pulo para 1985, Ian Stewart morre de ataque cardíaco e o relacionamento dos integrantes restantes não era bom, com vários desentendimentos entre Mick Jagger e Keith Richards, mas mesmo assim continuavam lançando álbuns cada vez mais repercutidos.
Em homenagem a Stewart, os Stones lançaram “Dirty Work”, de 1986. Durante essa época vários álbuns solos de Jagger, Richards, Wood e até Watts, foram lançados.
Com a chegada da década de 90, as discussões entre Jagger e Richards eram cada vez maiores e havia boatos de dissolução da banda.
Contudo as vendas de álbuns como “Steel Wheels” bateram recordes, assim como as turnês. Em 1991, Bill Wyman, baixista da banda, anuncia sua retirada alegando que “estava com o saco cheio de tocar ao lado de um cara que não sabe cantar, de dois guitarristas que tiravam os sons mais horríveis do mundo e de um velho batuqueiro”.
Na verdade, tudo não passava de uma ridícula desculpa, pois seu envolvimento com a heroína estava muito sério, e a solução foi expulsá-lo da banda.
Em 1994, após um tempo sem atividade, foi lançado o álbum “Voodoo Lounge” , seguido da mega turnê mundial com passagens pelo Brasil, em São Paulo e Rio de Janeiro, com Darryl Jones (ex-Miles Davis e ex-Sting), convidado a substituir Bill Wyman no contrabaixo.
As diferenças pessoais entre Jagger e Richard foram deixadas para o passado e tudo voltou como nos velhos tempos.
Em 1995, lançaram “Stripped”, recheado de versões acústicas dos maiores sucessos e uma regravação de ‘Like a Rolling Stone’, do eterno Mr. Bob Dylan.
O ano de 1996 foi reservado para o lançamento de “Rock And Roll Circus”, disco e vídeo lançados simultaneamente, que é uma coletânea de sucessos gravados ao vivo, com participações especiais de Eric Clapton, John Lennon, Yoko Ono e outros.
Em 1997, os Stones saíram em sua maior e mais longa turnê já antes realizada: “Bridges To Babylon 97/98/99”.
Na verdade, a turnê duraria 2 anos apenas, mas imprevistos prorrogaram alguns shows para 1999.
Ainda neste mesmo ano, tiveram uma nova turnê pela frente, mas restrita aos EUA e Canadá. “No Security Tour”, teve seu início em janeiro e perdurou até abril.
Em junho, terminaram o restante de shows da turnê “Bridges to Babylon” na Europa.
Os Rolling Stones tiveram sua mais recente passagem pelo Brasil em abril de 1998 e rumores revelavam que a próxima turnê dos Stones estaria planejada para o início do ano de 2001, com passagem pelo Brasil, o que infelizmente não aconteceu.
Em resumo, são mais de cinquenta anos de estrada de uma banda que, se não é a melhor do rock’n’roll, é a mais antiga em atividade.
Mick Jagger
Michael Philip Jagger nasceu dia 26 de julho de 1943, em Dartford, Inglaterra, e está nos Rolling Stones desde o início. Já gravou três álbuns solos. Desde criança Jagger nutre uma paixão muito grande por críquete. Ele mantém um website para sua empresa, a Jagged Internet Work, que trata desse esporte.
Keith Richards
Nasceu dia 18 de dezembro de 1943, em Dartford, e está no grupo desde o começo. Keith Richards já gravou três discos sem os Stones – acompanhado do grupo X-Pensive Winos. Além de sua notória paixão por drogas, gosta muito de blues e de reggae. Na década de 80 comprou uma casa na Jamaica.
Charles Watts
Charles Robert Watts nasceu dia 2 de junho de 1941, em Islington, e ingressou na banda em 1963. Além de tocar nos Rolling Stones, mantém o Charlie Watts Quintet, um grupo de jazz. O baterista dos Stones é também um respeitado criador de cavalos de raça, e adora cachorros: tem duas dezenas deles.
Ron Woods
Nasceu dia 1º de junho de 1947, em Hillington. Ronnie Wood começou a tocar com os Stones em 1975, e foi efetivado no ano seguinte. Já gravou oito álbuns solos. Pintor relativamente respeitado, com dezenas de exposições, antes de ficar famoso ele já era graduado em artes pela Ealing Art School.
Brian Jones
Lewis Brian Hopkin-Jones nasceu dia 28 de fevereiro de 1942, em Cheltenham, Inglaterra, e morreu dia 3 de julho de 1969. Ajudou a fundar o grupo, em 1962, mas foi demitido em junho de 69. Antes de entrar para os Stones, tocou no grupo Ramrods, que acabou quando o vocalista morreu numa briga.
Bill Wyman
William George Perks nasceu dia 24 de outubro de 1936, em Londres. Se juntou aos Stones em dezembro de 1962, e saiu em janeiro de 1993. Aos 14 anos de idade, já tocava piano e clarinete. Antes de ingressar nos Stones, prestou dois anos de serviço militar na Força Aérea Britânica.
Michael Taylor
Michael Kevin Taylor nasceu dia 17 de janeiro de 1948, em Hertfordshire. Se juntou aos Stones em 1969, no lugar de Brian Jones, e saiu em dezembro de 1974, para se dedicar ao jazz e ao blues. Antes dos Stones, tocou em um grupo chamado The Gods e, mais tarde, nos Bluesbreakers, de John Mayall.
Ian "STU" Stewart
Nasceu dia 18 de julho de 1938, em Glasgow, e morreu dia 12 de dezembro de 1985. O “sexto” Stone permaneceu na banda desde o início até morrer. O escocês “Stu” foi um dos fundadores dos Stones, mas nunca apareceu como integrante oficial porque era considerado muito feio pelo empresário do grupo.