Vanguardas Artísticas | Expressionismo na literatura
Texto: Cristina Tolentino
cristolenttino@gmail.com
Grupos expressionistas literários
Os artistas do grupo “A Ponte” estudaram a arte negra e os primitivos artistas germânicos. O expressionismo alemão foi simbolizado por eles, no seu aspecto mais puro.
Dedicaram uma grande atenção à produção gráfica: litografias, águas fortes, xilografias.
Em 1911, surge em Munique um outro grupo, chamado Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul). Fundado por Kandinsky e Franz Marc. Esse grupo nasceu da fervilhante vida intelectual e artística de Munique, para onde convergiam de toda a Europa os jovens que pretendiam dedicar-se à arte.
Diferentemente do grupo Die Brucke (A Ponte) que protestava, tanto social quanto artisticamente, contra o mundo que os rodeava, o grupo de Munique, procurava idiomas artísticos que fossem novos e mais ricamente expressivos.
Um expressionismo mais meditativo e construtivo, uma tentativa para deslocar a arte do mundo, do fato concreto para o mundo do espírito, reconhecendo a cor como sua mais poderosa arma.
“A cor é a tecla. O olho é o martelo. A alma é o piano de muitas cordas. O artista é a mão que, tocando esta ou aquela tecla, coloca pré-ordenadamente a alma humana em vibração”, diz Kandinsky, que teve da música uma forte influência: “a afinidade entre música e pintura…é o ponto de partida do caminho através do qual a pintura, com a ajuda de seus próprios meios, se desenvolverá gradativamente até tornar-se arte em sentido abstrato”.
Para ele, uma pessoa que não tenha senso musical, é uma pessoa fechada não apenas à compreensão do espírito, mas também à compreensão moral do bem. No cabeçalho de um dos capítulos de seu livro “Do espiritual na Arte”, ele coloca versos de Shakespeare:
“O homem que dentro de si não tem a música, que a harmonia dos sons não comove, é propenso à traição, ao furto, à perfídia; escura como a noite é sua inteligência, obscuro como o Erebo é o seu pensamento. Desconfia desse homem! Ouve a música!”
Envolvimento crescente de artistas
Também foram membros deste grupo: Alexei von Jawlensky, Mariana von Werefkin, Gabriela Münter, Alexander Kanoldt, Karl Hofer, os irmãos David e Vladimir Burliuk, Kubin e Paul Klee.
Outros artistas expressionistas alemães foram: Georges E. Grosz (1893-1959), que retrata a sátira social; o paisagismo melancólico de Karl Hofer (1878-1955); a fantasia inquietante de Christian Rohlfs (1849-1938) e Oskar Schlemmer ( 1888-1943), que em seus quadros reflete a solidão do homem no mundo atual.
Em outros países podemos citar artistas que se envolveram com o movimento expressionista ou foram por ele influenciados: Marc Chagall ( nasceu na Rússia e chegou em Paris em 1910); Amedeo Modigliane (1884-1920 – italiano); Chaim Sutin (1894-1944 – lituano); Julius Pinças (1885-1930 – búlgaro); Moïse Kisling (1891-1953 – russo); Georges Rouault ( 1871-1958) e Marcel Gromaire ( 1892-1971), ambos franceses; Constant Permeke (1886-1952), Gustav de Smeet ( 1877-1943), Fritz van der Berghe (1883-1939), ambos da Bélgica; Isidre Nonell (1873-1911), José Gutierrez Solana (1886-1945), Pablo Picasso (Guernica: cubismo como uma linguagem expressionista); Diego Riviera ( 1886-1957 – mexicano).
Manifestação literário
Na literatura, o expressionismo se manifesta com a fundação de Der Sturn (A Tempestade), dirigida por Herwart Walden, que promulgava o dogma expressionista da criação extática segundo a qual as visões tomam corpo: “o expressionismo não é moda, nem tendência, mas uma concepção do mundo”.
Da revista mais politizada Die Aktion, de Frank Pfemfert; das revistas Die weissen Blätter (As Folhas Brancas), de 1913 e Der Stürmer (O Tempestuoso).
Bem como de um rol inumerável de publicações distribuídas pelas mais diversas cidades alemãs, cujos frutos foram frustrados pela guerra e pelo elevado número de poetas mortos nos campos de batalha, como: K. Adler, W. Ferl, H.hinz, E. Stadlier e A. Stramm.
O poeta mais representativo do movimento foi Gerorg Trakl (Poesias, Sebastião no sono), que se suicidou em 1914, aos vinte e sete anos.
Ao contrário do belicismo futurista, os escritores e poetas expressionistas refletem um sentimento de desconcerto e horror ante o absurdo da experiência militar da Primeira Guerra Mundial, exaltam o pacifismo e a solidariedade humana.
Em 1920 é publicada a obra antológica do poeta Kurt Pinthus: Sinfonia da jovem poesia.