Crônica Jethro Tull – Thick as a Brick
Crônicas Musicais

Crônica Jethro Tull – Thick as a Brick

JETHRO TULL — THICK AS A BRICK

Crônica da Era do Rock, por Rodrigo Leste

Hoje passo a bola prum cara que escreve com elegância e competência. Trata-se do jornalista e escritor Fernando Righi, de quem sempre estou lendo algum livro de poesia ou de prosa. Fala, Righi:

Quando “Thick as a Brick” apareceu lá em casa, eu era um pirralho com oito ou nove anos que andava criando histórias em quadrinhos e desenhando jornaizinhos de quatro páginas. A capa logo me interessou, repleta de notícias fictícias sobre esportes, o tempo etc. Pedi a ajuda dos manos mais velhos para entender a “viagem” da banda de nome esquisito. “Um poeta de oito anos, desclassificado pelo poema épico adulto que virou música naquela bolacha”. Eram músicos espirituosos. Embarquei.

Foi um dos discos que mais ouvi nos anos 70/80. Aprendi muito com ele – equilibra com muito gosto o folk inglês, rock e jazz, intercala compassos de seis e cinco tempos de maneira engenhosa. Eu o ouvi de muitas formas, careta, doidão, bêbado. Cada audição trazia novas surpresas. Um mimo criativo com flautas e guitarras agressivas, bateria nervosa e baixo intricado. O teclado cuida muito bem das mudanças de ânimo e estende um tapete aveludado. Sem contar a imensa letra, repleta de citações, paródias, ironias existenciais bem-humoradas, ao melhor estilo dos poemas de Auden.

Conta a lenda que o projeto nasceu dum comentário da crítica musical britânica, assinalando que o Jethro Tull havia finalmente ingressado no rock progressivo com Aqualung (1971), o que não chega a ser um exagero porque as músicas desse LP têm alguma relação entre si. Mas nada além disso. Ian Anderson achou graça e resolveu produzir, de fato, um álbum realmente conceitual. E acertou na mosca.

Passadas cinco décadas, ainda estudo esse disco, mas agora de outra maneira – acompanhando no contrabaixo, coisa que evitei por 30 anos por falta de paciência e domínio técnico. Os vizinhos devem estar gostando já que não reclamaram uma vez sequer nesses último meses.

“Enquanto o soldado embainha sua espada/ o caçula da família/ se move com autoridade/ construindo castelos junto ao mar”.

Camaradas, não foi à toa que amei esse disco!

Texto e revisão: Fernando Righi

Colaboração midiática: @rodrigo_chaves_de_freitas

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