1-Em "Em nome do filho", de 1985, você trata de temas tabus para a época, como o homossexualismo e a Aids. Qual é a leitura que você faz do livro hoje, quase 30 anos depois? Você acha que estes temas ainda continuam sendo tabus?
Creio que foi a primeira vez que o tema da Aids foi abordado numa obra literária entre nós e, embora tenham sido gerados um livro e um filme a partir do drama de Cazuza, não vejo a Aids, apesar de controlada hoje, como um tema ficcional corrente no Brasil. Mesmo o homossexualismo não costuma comparecer com frequência entre os assuntos principais de nossas letras. De 1985 para cá a sociedade se tornou mais tolerante, os homossexuais se mostram em grandes paradas, seguindo uma manifestação fortemente carnavalesca, mas são ainda personagens secundários ou caricatos nas obras para o grande público, como nas novelas da televisão. Apesar do avanço da legislação que permite a união entre pessoas do mesmo sexo, gays continuam sendo vítimas de crimes violentos por todo o país. Se homossexuais dos dois gêneros se destacam cada vez mais em todos os âmbitos profissionais, em muitos contextos ainda não devem se declarar como tal, como faz, tão livremente, o prefeito socialista de Paris.
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