Federico Fellini dispensa adjetivos. Mas, certamente, são os únicos capazes de descrever o universo e os personagens criados por um dos maiores nomes da sétima arte. Filmes que são fascinantes, oníricos. Uma boa parte de sua obra poderia ser caracterizada como peculiar. Todos, principalmente os personagens, sem exceção, são “fellinianos”. Sendo um dos poucos diretores cujo nome se tornou, ele mesmo, um adjetivo, o realizador italiano construiu uma longa e aclamada carreira, que agora será revisitada em uma retrospectiva completa de sua filmografia no Cine Humberto Mauro.
O Palácio das Artes será ocupado, entre os dias 5/6 (quarta-feira) e 3/7 (quarta-feira), por intensa programação centrada em todos os seus 20 longas-metragens, três curtas de antologias e um média-metragem para a televisão, além de filmes em diálogo. A sessão de abertura trará ao público uma cópia restaurada em DCP do filme “8½” (1963), com comentários de Raphael Camacho, do portal Guia do Cinéfilo, a obra é um dos quatro longas do cineasta a ganhar o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.
Outro dos filmes de Fellini a ganhar a mesma distinção, “Noites de Cabíria” (1957), será a inspiração para uma montagem teatral inédita no palco do Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, no último dia da programação. O espetáculo, é uma montagem do grupo Quatroloscinco, terá como Cabíria a atriz Rejane Faria, conjuga as linguagens diversas do cinema, do teatro e de outras expressões artísticas, com dramaturgia do Germano Melo e direção de Ricardo Alves Jr.
Haverá, ainda, filmes restaurados vindos de acervos na Itália, França e Estados Unidos. Outros destaques são as intervenções artísticas dirigidas por Ivan Sodré, bailarino da Cia de Dança Palácio das Artes, e do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, da Fundação Clóvis Salgado, antes e depois das sessões de cinema, em variados lugares do Palácio das Artes. Como parte das ações formativas, a programação inclui um curso inédito, ministrado pela Profª. Drª. Ana Lúcia Andrade, da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, nos dias 13 (quinta-feira) e 14 de junho (sexta-feira). O público poderá conferir também um dossiê de críticas e ensaios inéditos publicados de forma gratuita na plataforma CineHumbertoMauroMAIS, onde, no período de realização da mostra, alguns dos principais filmes de Fellini estarão disponíveis para espectadores de todo o Brasil. Todas as sessões no Cine Humberto Mauro e o espetáculo multimídia terão ingressos gratuitos.
PROGRAMAÇÃO
SINOPSES
ATIVIDADES FORMATIVAS
INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS
Transpondo os limites da realidade –2024 marca o centenário de nascimento de Marcello Mastroianni, talvez o mais célebre ator italiano de cinema. Coincidentemente, são também 30 anos da morte de Giulietta Masina, outra grande atriz daquele país. Ambos contracenaram juntos em apenas um filme: “Ginger e Fred” (1986), de Federico Fellini. Mas os laços de cada um com o diretor são lendários: Giulietta foi casada com Fellini por cinco décadas, e musa do realizador em diversos filmes, como “A Estrada da Vida” (1954) e “Noites de Cabíria” (1957), enquanto Mastroianni foi imortalizado como alter-ego do próprio realizador em longas-metragens como “A Doce Vida” (1960) e “8½” (1963). Estes e outros astros e estrelas capturados pelas lentes particulares e pelo olhar surrealista de Fellini em cenas icônicas, como a dança durante a madrugada na Fontana de Trevi, povoam o imaginário de gerações de pessoas, mesmo aquelas que não associam tais imagens ao diretor.
A “Retrospectiva Fellini” percorrerá tanto os filmes já citados quanto outros, igualmente significativos para a carreira do artista: “Mulheres e Luzes” (1950), primeiro filme em que Fellini assina a direção, com Alberto Lattuada; “Abismo de um Sonho” (1952), primeira direção solo do cineasta; “A Voz da Lua”, seu último trabalho; além dos cultuados “Julieta dos Espíritos” (1965) e “Amarcord” (1973). A programação conta ainda com obras que dialogam com a curadoria principal, como: “Roma, Cidade Aberta” (1945) e “Paisà” (1946), ambos dirigidos por Roberto Rossellini, roteirizados por Fellini e definidores do chamado neorrealismo italiano; e as antologias “Amores na Cidade” (1953), “Boccaccio ’70” (1962) e “Histórias Extraordinárias” (1968), que incluem segmentos dirigidos por Fellini.
Destaque também para os documentários “NBC Experiment in Television – Episódio 6 ‘Fellini: A Director’s Notebook’” (1969), dirigido por Fellini para a televisão estadunidense, “Ciao, Federico!” (1970), que acompanha os bastidores das filmagens de “Satyricon de Fellini” (1969), “Marcello Mastroianni: mi ricordo, sì, io mi ricordo” (1997), no qual o mais felliniano dos atores rememora sua própria vida e carreira, e “Fellini, Confidências Revisitadas” (2023), que estreia em Belo Horizonte durante a mostra e narra a vida e a obra do cineasta através de suas próprias palavras. A curadoria traz, ainda, o último filme do diretor italiano Ettore Scola, “Que Estranho Chamar-se Federico” (2013), no qual o cineasta presta uma homenagem a seu compatriota Fellini.
Iniciando a carreira em meio ao movimento neorrealista italiano, que propunha um cinema menos calcado na fantasia e mais apegado às urgências sociopolíticas da Itália pós-Segunda Guerra Mundial; Fellini foi, ao longo das décadas, direcionando sua filmografia para um estilo singular, muito norteado pela lógica circense. Vitor Miranda, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e curador da mostra, explica que o sonho e a realidade se entrelaçam na carreira de Fellini de um modo único. “Ele é, provavelmente, o cineasta mais influente da Itália. A força (e a magia) de sua obra reside não apenas em uma habilidade técnica específica, em um traço peculiar, mas na profundidade de sua visão artística, que desafia as convenções do cinema tradicional e até mesmo do movimento neorrealista, ampliando limites no que se entende da narrativa e da estética do cinema. Sua habilidade em capturar a essência da condição humana transcende o mero entretenimento, levando-nos a um reino onde as emoções se desdobram em imagens vivas, marcantes e poéticas. Nas terras dramatúrgicas de Fellini, a vida cotidiana se transforma em um espetáculo”, aponta Vitor Miranda.
GERÊNCIA DE CINEMA – CINE HUMBERTO MAURO
Curadoria
Vitor Miranda
Produtor de Programação
Rodrigo Azevedo
Produção de Cópias
Vazio Filmes
Produtor de Projeção, Autoração e Cópias
Julio Cruz
Assistente Geral
Ana Cândida
Produtora de Ações de Acessibilidade
Sara Paoliello
Tradução e Legendagem Eletrônica
Hatari Filmes
Ryan Bernardes
Suporte Administrativo
Roseli Miranda
Projeção
Centauro (suporte e manutenção)
Rafaela Ada (projecionista)
Plataforma CHM+
Cento e Oito Filmes
INTERVENÇÕES ARTISTICAS
Direção Artística: Ivan Sodré Produção: Fabrício Martins e Fábio da Mata. Coordenação técnica: Geraldo Octaviano, Marilia e Lívia Duarte.
Performance: Ane Guimarães, Fábio da Mata, Anna Oliveira, Emília Maria, Flor Menezes, Fernando Zucchelli, Kaline Barbosa, Mairna Dantas, Rosilene Barbosa , Isadora Campos, Juliana Almeida e Barbara Silva.
Figurino: Adriely Yamamotto, Mari Marques, Suzana Nature, Amanda Lopes, Joubert Garcia, Julia Monteiro , JoJo, Katarina G. Souza ,Rosangela Lamounier e Rosana Monteiro.
Canto: Alicia Beatriz
Cenografia: Amanda Santoro, Maru Vieira, Reinan Lemos e Vitor Brant
Sonoplastia: Caule e Sangô
Iluminação: Rodrigo Pimentel, Vanessa Ambrózio, Patrícia Gaby e Chris Fox
ESPETÁCULO “LUZ E NEBLINA”
Elenco
Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, Marcos Coletta, Rejane Faria.
Dramaturgia
Germano Melo
Direção
Ricardo Alves Jr.
Iluminação
Marina Arthuzzi
Edição ao Vivo
Janaína Patrocínio
Câmera
Daniella Fonseca, Diego d”Avila, Eduardo Falcão
Assistente de Produção
Jean Gorziza
Produção
Maria Mourão
Realização
Grupo Quatroloscinco, Entrefilmes e Palácio das Artes.
Duração
70 minutos
Faixa etária
14 Anos
Informações
Local
Cine Humberto Mauro
Horário
Conferir na programação
Informações para o público
(31) 3236-7400