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Céu canta sua ‘Novela’ em show nesta sexta-feira, em Belo Horizonte

Cantora paulista volta às origens em show de novo álbum, que será realizado na Autêntica

Para Céu, novela é sinônimo de afeto. A cantora paulistana de 44 anos recordar-se de, quando menina, sentar-se no sofá para, a cada noite, acompanhar a narrativa dramatúrgica ao lado da mãe e da irmã.

“Lembro de conversas como: ‘por que ele [o personagem] fez isso? O que foi que aconteceu?’ Hoje não assisto tanto, mas gosto desse costume brasileiro. Especialmente em um mundo do streaming, em que cada vez mais as pessoas assistem séries individualmente, a novela é uma referência de acompanhar algo junto. Além disso, ela tem um modo narrativo muito particular, em que as coisinhas vão acontecendo devagar”, reflete a cantora.

E foram as cenas do cotidiano comuns nesse tipo de produção que inspiraram Céu a lançar “Novela”, álbum que apresenta nesta sexta-feira (22/11), em Belo Horizonte, na Autêntica. Luiza Brina também cantará no show.

As canções de “Novela” falam de amizade feminina, de relacionamentos amorosos complicados e divertidos, de saber dar a volta por cima, de sensualidade, de saudade… enfim, tramas que poderiam fazer parte de qualquer novela.

“Trago a linha do drama para o disco. Esta é muito a minha vida e também a de muitas pessoas que conheço também, e a latinidade é uma marca do meu trabalho. Então, de cerca maneira, sinto compromisso de falar sobre isso. Muitas vezes fui induzida a cantar em inglês, mas volto sempre a reafirmar a minha paixão pela música brasileira. Todos os meus discos trazem isso, e, em ‘Novela’, isso fica mais escrachado. Eu vou para uma novelona mesmo, para o melodrama”, comenta.

A verve do álbum é, de fato, brasileira, mesmo Céu tendo de ir para Los Angeles, nos Estados Unidos, para gravar as músicas, porque era seu desejo que o compositor norte-americano Adrian Younge produzisse o disco. Ao contrário dos trabalhos anteriores, como “Apká” (2019) e “Tropix” (2016), que carregam uma pegada mais tecnológica, “Novela” foi gravado ao vivo de maneira totalmente analógica.

“O Adrian só trabalha assim. Não é algo que tenho ligação, mas foi interessante vivenciar isso, porque acabei passando uma transformação pessoal durante o processo. ‘Novela’ me propôs olhar de frente para os meus limites e contornos e saber até onde eu posso ir”, sinaliza. Além de Adrian Younge, o álbum foi produzido por Pupillo, seu companheiro de trabalho e de vida.

Desse aprendizado, Céu destaca que foi bonito ver as pessoas presentes, realmente se entregando ao trabalho. “Isso deu uma vivacidade muito grande ao trabalhado e nos deixou extasiados. Hoje vejo que as coisas estão muito em um lugar de estar bonito, com filtro, nada desafinado, de todos terem a mesma cara. E esse processo vai acabando deixando a gente confinado. É como se as arestas e as pontas soltas deixassem um trabalho feio, mas não há nada mais humano que isso”, evidencia a artista.

Ir para os Estados Unidos, a propósito, é como voltar às origens para Céu. Aos 18 anos, a artista passou uma temporada em Nova York, onde se descobriu compositora. “Eu morava em um bairro porto-riquenho e recebi muita influência latina e africana por lá. Tive muito contato com o rap. Até então, nunca tinha saído do Brasil, e, estando distante daqui, acabei começando a escrever e me tornei compositora”, comenta.

Seu primeiro disco, “CéU”, inclusive, foi lançado no país norte-americano e entrou na Billboard 200, na 57ª posição, feito raro para um artista brasileiro. Com ele, Céu foi indicada ao prêmio de melhor artista revelação do Grammy Latino. “Sinto que foi uma forma de agradecer tudo o que aconteceu comigo, porque meu primeiro disco teve um boom muito grande entre os norte-americanos, e isso acabou reverberando bastante no Brasil”, acentua.

Participações especiais 

Não há sombras de dúvidas de que Céu é a protagonista de sua novela, como ela mesma canta no álbum. Mas para compor a trama, a artista contou com algumas participações especiais. Uma delas é cantora e compositora franco-senegalesa Anaiis, que canta a amizade feminina ao lado da brasileira em “Gerando na Alta.”

“A gente se conheceu digitalmente. Fiz um projeto on-line para ela na pandemia, mas não a conhecia pessoalmente. Tivemos muitas trocas, como o fato de sermos mães e artistas. Com isso, acabamos nos conectando”, assinala Céu.

No álbum, ela também canta com a rapper Ladybug Mecca e com o cantor Loren Oden. Os encontros não foram necessariamente planejados, porque os artistas precisavam estar no local de gravação do disco.

“Como o ele é todo analógico, não tivemos a opção de gravar com artistas à distância, porque não era a proposta. Deveria ser com pessoas que estavam na mesma geolocalização. Então, foi como fazer um suco com fruta do pé colhida na hora, não podíamos usar frutos de outros lugares”, compara. 

Para escrever as músicas, Céu chamou Marcos Valle, Nando Reis e Kleber Lucas. O primeiro participou em “Reescreve”, enquanto os outros dois foram parceiros dela em “Corpo de Colo”.

 “Sou amiga do Marcos há muitos anos. Fiz uma turnê no Brasil cantando músicas dele e minhas, e ele também tocava umas minhas. Desde então, ficamos muito próximos. Fiz uma canção, ‘Não Sei’, para o disco novo dele. Então, pensei em pedir uma a ele para o meu disco também. Eu já tinha feito a letra e melodia e mandei para ele harmonizar. O Marcos me mandou de volta, e a achei muito chique”, orgulha-se.

SERVIÇO

O quê. Céu apresenta turnê do álbum “Novela”

Onde. Autêntica (rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia, Belo Horizonte)

Quando. Sexta-feira (21), a partir das 21h

Quanto. Entre R$ 80 e R$ 100. Ingressos no Sympla.

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