Entrevistas
Como escreve Lino de Albergaria
8 de julho de 2019 by José Nunes
Lino de Albergaria é escritor, graduado em Letras e Comunicação e pós-graduado em editoração, com doutorado em Literatura.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu trabalho todos os dias como servidor público e começo bem cedo. Portanto, é no final da tarde que posso me dedicar à literatura.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor com a luz do dia, à noite me sinto visualmente cansado. Não tenho nenhum ritual para escrever.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Gostaria de escrever todos os dias, mas a escrita embala automaticamente quando a ideia de um novo livro começa a ganhar forma no computador. Não tenho metas, deixo fluir a narrativa livremente.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não faço pesquisa. Durante algum tempo, penso e amadureço uma ideia geral. Não é difícil começar, basta me dispor a isso, e logo vem a concentração necessária.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não faz parte da minha relação com a literatura. Eu me movo pelo prazer e a satisfação de estar escrevendo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso e reescrevo muitas vezes, com intervalos entre as revisões. Raramente alguém lê meus trabalhos antes de mandar para a editora, onde passam pela leitura dos responsáveis editoriais e revisores.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo diretamente no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Vêm de diversas fontes: um fato que observo, uma conversa que ouço, alguma coisa que leio. Ao me deter sobre o assunto, deixo minha imaginação trabalhar.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Passei a usar mais a minha intuição e a deixar o inconsciente agir. Eu não tenho mais a vontade de controlar o encaminhamento do livro. Só vou interferir na releitura, cortando arestas do texto, às vezes desenvolvendo algo que não ficou suficientemente claro.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
No momento não tenho nenhum projeto em mente, pois estou me dedicando a um filão novo, fazendo minhas primeiras incursões no gênero policial. Tenho a impressão de que muitos livros que gostaria de ler já existem, só não chegaram ainda às minhas mãos.
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